sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Denúncia à ONU


O transporte público do DF é tortura, certo? Tortura tem que ser denunciada, certo? Então, enviei pelo correio carta ao Subcomitê de Prevenção da Tortura da ONU, em Genebra, Suíça, denunciando a tortura que os passageiros daqui sofrem. Leiam a carta, abaixo.

          Senhor Presidente do Subcomitê de Prevenção da Tortura da ONU,

            Dirijo-me a Vossa Senhoria para relatar a situação degradante, humilhante, desumana e TORTURANTE a que estão submetidos os moradores do Distrito Federal, Brasil, que dependem do sistema do transporte público local.

1 – Os moradores das cidades situadas em torno de Brasília, as chamadas cidades-satélites, que, na sua grande maioria, trabalham na capital são transportados em ônibus superlotados, na ida ao trabalho e no retorno para casa;

2 – A frota é insuficiente para a quantidade de trabalhadores a ser transportada: em horários de pico, nos ônibus abarrotados de gente, as pessoas ficam comprimidas umas contra as outras, sem possibilidade até mesmo de mover o próprio corpo;

3 – Trata-se, na maior parte dos casos, de ônibus antigos (alguns com até 20 anos de uso) que já deveriam estar fora de circulação, e que não oferecem condições de segurança e, muito menos, conforto aos passageiros;

4 – Como são bastante antigos, muitos ônibus interrompem a viagem devido a problemas mecânicos, obrigando os passageiros a uma verdadeira aventura em busca de uma nova condução;

5- Mesmo a olho nu, é possível observar que grande parte dos pneus dos ônibus não oferecem condições de uso; isso potencializa o risco de acidentes;

6 – O número de abrigos de passageiros é insuficiente e vários deles estão caindo aos pedaços – não oferecem proteção contra o sol e a chuva;

7 – A fiscalização dos órgãos governamentais é precária, ou mesmo inexistente;

8 - Os empresários do setor de transportes (sempre os mesmos) não têm nenhuma responsabilidade com a qualidade dos serviços que prestam: preocupam-se tão-somente com os lucros; 

9 - A situação descrita acima pode ser facilmente observada, das 6 às 9 horas (ida para o trabalho), nos pontos de ônibus das cidades-satélites e, das 17 às 20 horas (retorno para casa), nos pontos da capital Brasília.

Considerando a forma TORTURANTE como são transportados os passageiros desta cidade, sobretudo aqueles que moram nas cidades-satélites, solicito desse Subcomitê que o Governador, o Vice-Governador, o Secretário de Transportes, o Diretor do Departamento de Transporte Urbano (DFTrans) e os proprietários das empresas de ônibus do Distrito Federal sejam denunciados por crime de TORTURA.


            Com confiança, 
           
            edvanpacheco@gmail.com

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

SISTEMA DE TRANSPORTE (OU TORTURA?) PÚBLICO COLETIVO DO DF - STPC/DF -  ESTÁ, HÁ MUITO TEMPO, NA MÃO DOS EMPRESÁRIOS DO SETOR

Responda rapidamente: quando você contrata um profissional para lhe prestar um serviço, você permite que ele faça do jeito que bem entende? Por exemplo, quando você contrata um engenheiro ou um pedreiro, você deixa que eles façam tudo do jeitinho que eles quiserem? 

Claro que não, né? Tenho certeza de que você fiscaliza, questiona e, acima de tudo, determina a forma como tudo deve ser feito. Mais: se o serviço não estiver saindo exatamente como você deseja, certamente você irá substituir o profissional.

Você também deve achar que isso é uma regra para todo tipo de contrato de prestação de serviços, não é mesmo?

Pois, acredite, não é assim que funciona com os contratos que o GDF firma com os empresários do setor de transporte público do DF. Nesse caso, quem manda são os donos das empresas. São eles quem ditam as regras. Os contratantes (o governador, o vice-governador, o secretário de transportes e o diretor do DFTrans) não têm nenhum poder sobre os contratados (os empresários). Estes mandam e desmandam.

Vejam alguns desmandos:

- não respeitam horários;
- não disponibilizam ônibus suficientes;
- não renovam a frota (já andei em carcaça com 19 anos de uso);
- não substituem os pneus (você já viu algum pneu novo nos ônibus do DF?);
- não disponibilizam um sistema eficiente de atendimento aos passageiros; e
- não investem na capacitação de motoristas e cobradores para que  possam aprender a lidar com pessoas (clientes).

Vejam o absurdo: a imprensa divulgou recentemente que um empresário detém a senha que libera o sistema de bilhetagem eletrônica em novos ônibus. Assista ao vídeo do link http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2012/08/27/interna_cidadesdf,319342/empresario-se-recusa-a-liberar-senha-para-que-onibus-novos-comecem-a-rodar.shtml.
Repare que, quando questionado se o empresário "se sente o dono do transporte na cidade", o diretor do DFTrans não teve coragem de responder e desconversou feiamente.

Mas por que será que, no caso do STPC/DF (que pode ser entendido como Sistema de Tortura Pública Coletiva do Distrito Federal), a lógica contratual se inverte: quem manda são os contratados, e não os contratantes?

Por que o governador e seu vice, o secretário de transportes e o diretor do DFTrans não vão até à população e denunciam a irresponsabilidade dos donos das empresas?

Por que será que estes senhores não conseguem obrigar o empresários a cumprirem suas obrigações? 

Será medo? Será imcompetência? Será que o governo e seus representantes têm algum tipo de "dívida" com os empresários?

Sinceramente, não sei. Só sei de uma coisa: os donos das empresas fazem o governo de gato e sapato. E nós, passageiros, pagamos o pato.